Autismo: o que é, causas, níveis e características 

Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), no seu último levantamento, essa condição atinge 1 em cada 54 crianças. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que 1% da população mundial possui autismo. 

Com base nesta escala global, no Brasil estima-se aproximadamente 2 milhões de pessoas. Mas, mesmo assim, o autismo ainda é visto pelas pessoas com desconhecimento. Pensando nisso, reunimos neste artigo, tudo o que você precisa saber sobre autismo: o que é, causas, níveis e características. 

O que é?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta o desenvolvimento infantil causando déficits em várias áreas, principalmente aquelas relacionadas à comunicação social em múltiplos contextos (reciprocidade emocional, dificuldade de compreensão das dicas sociais, interação com pares). Além de padrões restritos e repetitivos de comportamento (ex: movimentos motores, forma de falar, interesse nas mesmas brincadeiras e rotinas).

Existem três condicionantes presentes no diagnóstico do TEA: ele necessariamente precisa ocorrer na infância, os prejuízos precisam ser clinicamente significativos, ou seja, a criança precisa de ajuda e, por último, os prejuízos não são mais bem explicados por deficiência intelectual ou outros transtornos no desenvolvimento.

Causas

Uma pesquisa multicêntrica liderada por Dan Bai e Cols. (2019), publicada no JAMA Psychiatry, estudou uma amostra de mais de 20 mil pacientes com diagnóstico TEA e indicou que 80% destes casos tiveram origem genética herdada (transmitida entre gerações) e o restante poderiam ter origem genética não herdada, ou seja, mutações decorrentes de alterações somáticas no período gestacional. 

A novidade é que este estudo atribuiu (e demonstrou) maior influência dos fatores genéticos em comparação a fatores ambientais.

Ainda que esta pesquisa tenha investigado muitos pais e pessoas portadoras do diagnóstico, com amostra bastante importante e em diferentes países, novos estudos são necessários para melhor elucidação. 

Características

O diagnóstico do TEA afeta o comportamento e os primeiros sinais podem ser notados em bebês de poucos meses. No geral, a criança com espectro autista apresenta:

  • Dificuldade na reciprocidade emocional
  • Dificuldade em compartilhar atenção com adultos e crianças
  • Dificuldade na habilidade de imitação
  • Ausência ou alterações na fala 
  • Ausência ou dificuldade no contato visual 
  • Comportamentos repetitivos e Interesses restritos, incluindo o brincar

Níveis 

Indivíduos portadores do diagnóstico podem apresentar características e diferentes condições de prejuízo. Os níveis de gravidade estão relacionados ao nível de apoio que o indivíduo necessita. Atualmente os manuais estatísticos (DSM V e CID 10) dividem o diagnóstico em três níveis diferentes a seguir:

Nível 1 – Exigindo apoio

O nível 1 é considerado leve, necessita de apoio para aprender a se comunicar de forma funcional e, invariavelmente, vai apresentar dificuldade na abertura social (iniciar e manter conversação, interesse reduzido). Em geral, têm dificuldades para trocar de atividades e problemas na hora de planejar e organizar as coisas.

Nível 2 – Exigindo apoio substancial 

No nível 2 (moderado) os indivíduos podem apresentar mais dificuldade nas habilidades de comunicação verbal e não verbal. Prejuízos são notáveis mesmo diante de apoio. Além disso, são mais inflexíveis. Podem também ter comportamentos repetitivos e dificuldade com mudança.

Nível 3 – Exigindo apoio muito substancial

No nível 3 (grave), os déficits em relação à comunicação podem gerar prejuízo mais grave e importante limitação em relação ao funcionamento social. Ocorrência de inflexibilidade comportamental e interesses bastante restritos e/ou repetitivos podem interferir em todas as esferas exigindo apoio muito substancial para as atividades.  

Você já baixou nosso eBook: Guia prático para entender o transtorno do espectro autista?
Baixe agora é gratis!

Diagnóstico:

É importante falar que não existem exames laboratoriais ou de imagem específicos para diagnosticar o autismo, embora eles sejam úteis e necessários para ajudar no raciocínio de investigação. O diagnóstico do autismo é essencialmente clínico. Em geral, o médico (neuropediatra ou psiquiatra infantil) considera o histórico do paciente, a observação de seu comportamento e o relato dos pais e professores. 

O fechamento do diagnóstico costuma ser apoiado por uma equipe interdisciplinar que vai utilizar diversos recursos: desde a observação e registro de comportamentos até a aplicação de protocolos e escalas padronizadas.

Quanto mais cedo a criança com TEA obtiver o diagnóstico, melhor para que ela tenha mais chance de acessar um tratamento.

Tratamento:

Embora o autismo não tenha cura, ele tem tratamento. O tratamento mais indicado tem as seguintes características: início precoce (quanto antes melhor), abrangente (contemplar diversas áreas do desenvolvimento) e intensivo (carga horária semanal acima de 20h). 

Neste sentido o tratamento interdisciplinar é recomendado, ou seja, diversas especialidades (fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, outras), com objetivos conjuntos e aplicação de programas alinhados e coordenados. A comunicação entre seus membros é fundamental. Pais, cuidadores e professores devem ter um papel ativo dentro do planejamento terapêutico.

Terapia ABA

O nome ABA é uma sigla em inglês que significa Applied Behavior Analysis, podemos traduzir como: análise do comportamento aplicada. A Terapia Aba tem sido uma forma bem-sucedida de intervenção para crianças, adolescentes e adultos que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Um artigo publicado por Lovaas (1987), comparando um grupo de crianças portadoras do diagnóstico que recebeu intervenção baseada nos princípios ABA (Intervenção), com um grupo de crianças com o diagnóstico, mas que não recebeu a intervenção ABA (Controle) demonstrou que a intervenção precoce, abrangente e intensiva com ABA produziu melhora na eficiência intelectual, nas habilidades sociais e adaptativas. 

Este foi um dos primeiros de muitos que compõem uma base de dados validando as intervenções ABA como prática baseada em evidência.

Por isso, a busca pela ajuda profissional é um dos passos mais importantes para melhorar a interação da criança autista com o meio em que vive. Além disso, é importante falar que não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo. Em geral, o médico considera o histórico do paciente, a observação de seu comportamento e os relatos dos pais, tratando-se de um diagnóstico clínico.

Leia também: A importância da intervenção precoce em crianças com transtorno do espectro autista (TEA)

Embora o autismo não tenha cura, com o apoio profissional adequado, todas as crianças com TEA têm a capacidade de aprender e evoluir. Mas, lembre-se de que quanto antes as intervenções terapêuticas se iniciarem, melhores serão os resultados no desenvolvimento. 

Por isso, garantir o suporte, por meio de uma intervenção interprofissional com psicólogo, médico, fonoaudiólogo, psicopedagogo e terapeuta ocupacional é essencial e faz toda a diferença.

Gostou do nosso conteúdo? Então não esqueça de compartilhar esse conhecimento com mais pessoas!


Referência Bibliográfica:

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5 (5ª Edição), ArtMed, 2014.

Association of Genetic and Environmental Factors With Autism in a 5-Country Cohort, Dan Bai, MSc; Benjamin Hon Kei Yip, PhD1,2; Gayle C. Windham, JAMA Psychiatry. 2019;76(10):1035-1043. 

Steinbrenner, J. R., Hume, K., Odom, S. L., Morin, K. L., Nowell, S. W., Tomaszewski, B., Szendrey, S., McIntyre, N. S., Yücesoy-Özkan, S., & Savage, M. N. (2020). Evidence-based practices for children, youth, and young adults with Autism. The University of North Carolina at Chapel Hill, Frank Porter Graham Child Development Institute, National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice Review Team

Journal of Consulting and Clinical Psychology 1987, Vol. 55, No. 1, 3-9 Behavioral Treatment and Normal Educational and Intellectual Functioning in \bung Autistic Children O. Ivar Lovaas

Você já baixou nosso eBook: Guia prático para entender o transtorno do espectro autista?
Baixe agora é gratis!

Compartilhe